Vários indícios testemunham a importância da veneração, dos primeiros Portugueses, ao Arcanjo S. Miguel. A Capela de S. Miguel, em Guimarães, foi a escolhida para o baptismo de D. Afonso Henriques. Segundo a lenda, o mesmo S. Miguel teria aparecido e ajudado os portugueses na conquista de Santarém, levando à fundação da Ordem de S. Miguel da Ala pelo primeiro Rei de Portugal. Existem também indícios de que o culto a S. Miguel seria a encarnação cristã do culto a Endovélico, o mais importante Deus pagão da antiga Lusitânia. Um exemplo disso seria S. Miguel da Mota, no Alandroal, antigo santuário de Endovélico, cristianizado depois em S. Miguel.
Podemos, pois, considerar o Arcanjo S. Miguel como o primeiro Santo Patrono de Portugal. Segundo alguns grupos esotéricos, S. Miguel (ou Endovélico) ainda hoje seria o protector secreto de Portugal.
Assim como a S. Jorge é atribuída uma bandeira própria - de campo branco com uma cruz firmada de vermelho - também a S. Miguel é, por vezes, atribuída uma bandeira distintiva. A bandeira atribuída a este Arcanjo tem campo branco, com uma cruz firmada de azul. Esta bandeira foi, sobretudo, usada na França, país de grande veneração a S. Miguel. Até à revolução francesa a bandeira branca com a cruz azul era uma das usadas como distintivo nacional, nomeadamente pelos navios mercantes da Provença. Ainda hoje, por exemplo, é usada como bandeira municipal de Marselha.
Uma bandeira de campo branco, com uma cruz firmada de azul é também a ordenação tradicionalmente atribuída à bandeira "nacional" da época da Fundação de Portugal. Será coincidência? Existem várias teorias acerca das origens da primeira bandeira de Portugal. Muitos defendem, inclusive, que ela nunca teria existido... pelo menos com esta ordenação. As teorias que defendem a sua existência, normalmente, atribuem a sua origem à Casa de Borgonha à qual pertencia o Conde D. Henrique.
Será que a origem da Bandeira da Fundação não se poderá explicar pela adoração dos primeiros portugueses a S. Miguel? Será que a Bandeira da Fundação não era mais do que a Bandeira de S. Miguel, primeiro Patrono de Portugal?
JOSÉ J. X. SOBRAL