A Legião Portuguesa (LP) constituiu uma milícia do Estado Português, criada em 1936 e extinta em 1974. Foi fundada com a missão de "defender o património espiritual da Nação e combater a ameaça comunista e anarquista". Com o início da Segunda Guerra Mundial, a principal missão da Legião passou a ser a de organizar a Defesa Civil do Território, missão que manteve depois do final da guerra e até à sua extinção.
Bandeira de hastear da Legião Portuguesa |
Este artigo destina-se a apresentar a vexilologia usada pela Legião Portuguesa. Este trabalho contudo tem que ser feito através de alguma dedução baseada na análise da organização da Legião e na observação de fotos e outras imagens, uma vez que o autor não teve acesso a nenhum regulamento interno da mesma onde isso tenha sido definido. Aliás, o autor desconhece se um regulamento desse tipo terá sido alguma vez elaborado, mas é provável que pelo menos algumas directrizes sobre o assunto tenham sido emanadas da Junta Central da Legião.
A Organização da Legião
Comecemos por analisar a organização da Legião Portuguesa. A sua orgânica incluía como órgão superior a Junta Central, ao qual estava subordinado o Comando-Geral que consituía o órgão central de execução. Dependente do Comando-Geral funcionariam os diversos comandos distritais aos quais estavam subordinadas as forças distritais legionárias. Directamente dependentes do Comando-Geral funcionavam forças e serviços autónomos.
As forças distritais legionárias incluiriam batalhões, terços, lanças, secções e quinas. Cada quina era composta por cinco legionários, incluindo um chefe de quina. Duas ou três quinas formavam uma secção chefiada por um chefe de secção. Três secções formavam uma lança chefiada por um comandante de lança. Quatro lanças formavam um terço chefiado por um comandante de terço. Cada terço poderia ser independente ou agrupar-se num batalhão de três terços.
Paralelamente às forças distritais legionárias existiam forças autónomas, a mais importante das quais era a Brigada Naval. A Brigada Naval gozava de uma autonomia elevada dentro da Legião, estando bastante ligada à Marinha e formando uma reserva desta. Mantinha uma força equivalente a batalhão na sede em Lisboa e destacamentos no Porto, em Ponta Delgada e em Angra do Heroísmo.
As Bandeiras da Legião
O símbolo da Legião Portuguesa era a Cruz da Ordem de Avis (cruz flordelisada de verde), a qual era colocada em emblemas, distintivos, uniformes e bandeiras. Aparentemente, eram utilizadas várias variantes da Cruz de Avis - inclusive nas bandeiras - com as pontas desenhadas de diversas formas.
A bandeira genérica da Legião era quadrada, de branco, com a Cruz de Avis ao centro e uma bordadura de verde. Este modelo de bandeira era usado como bandeira de hastear e servia de desenho base aos diversos estandartes e guiões de desfile das unidades legionárias. Reproduções exactas da bandeira de hastear de Legião também eram usadas sob a forma de galhardetes para cornetas e clarins.
Estandarte da Legião |
A Legião dispunha de um estandarte de desfile que consistia numa reprodução da sua bandeira de hastear, tendo a bordadura preenchida por uma espécie de adamascado ou motivo rococó cujos ramos provavelmente deveriam ser de prata. O estandarte da Legião era quadrado, com dimensões aproximadas às das bandeiras regimentais, ou seja provavelmente 1,20 m x 1,20 m. O estandarte prendia à haste por uma bainha denticulada com quatro dentes. Paralelamente ao estandarte, a Legião usava uma Bandeira Nacional regimental do tipo m/1911 com a legenda "Legião Portuguesa" num listel branco sob as armas de Portugal.
Estandarte de batalhão da Legião |
Os estandartes dos batalhões distritais da Legião consistiam na reprodução da bandeira de hastear da Legião, com a inscrição "Legião Portuguesa" na parte de cima da bordadura e com a indicação do distrito seguida do nome do batalhão na parte de baixo da mesma. Nas inscrições eram usados vários tipos e tamanhos de letras, variando de estandarte para estandarte. A dimensão dos estandartes deveria andar próxima do 1,00 m x 1,00 m.
Guião de terço independente |
Guião de terço incorporado em batalhão |
Os guiões dos terços eram semelhantes aos estandartes de batalhão, mas com inscrições diferentes. No lado superior da bordadura também tinham a inscrição "Legião Portuguesa". No caso dos terços independentes, na parte de baixo da bordadura tinham o nome da unidade - antecedido ou não pela indicação dos distrito - e na vertical junto à tralha o nome da localidade onde tinham sede. No caso dos terços incorporados em batalhão, no lado inferior tinham a identificação do batalhão, na vertical junto à tralha tinham o nome do terço e na vertical do lado do batente tinham o nome da localidade onde estava sediado. A dimensão destes guiões deveria ser próxima dos 0,75 m x 0,75 m.
Estandarte da Brigada Naval |
A Brigada Naval dispunha de um estandarte que consistia numa reprodução da bandeira de hastear da Legião, mas acrescentada em cada cantão da bordadura com uma âncora de prata apontada ao centro. A sua dimensão era semelhante à do estandarte da Legião, que andaria pelos 1,20 m x 1,20 m.
Guião de subunidade da Brigada Naval |
As subunidades da Brigada Naval usavam guiões semelhantes aos dos unidades distritais - com os dizeres "Legião Portuguesa" na parte de cima da bordadura e com a indicação da localidade, unidade e subunidade nas partes restantes - mas com as quatro âncoras apontadas ao centro acrescentadas nos cantões.
Guião de lança da Legião |
Além das bandeiras acima referidas, existiam flâmulas brancas com a Cruz de Avis, que aparentemente eram usadas como guião de lança e como bandeira de viatura automóvel. Estas flâmulas consistiam em triângulos isósceles, com cerca de 0,35 m de altura e 0,50 m de comprimento. Quando usadas como guiões de lança eram presas à baioneta da espingarda do legionário porta-guião.
JOSÉ J. X. SOBRAL