A Mocidade Portuguesa constituiu uma organização de juventude criada pelo Decreto-Lei n.º 26 611 de 19 de Maio de 1936, com o fim de "estimular nos jovens o desenvolvimento integral da sua capacidade física, a formação do carácter e a devoção à Pátria". Através do Decreto-Lei n.º 28262, de 8 de Dezembro de 1937 foi criada a secção feminina da Mocidade Portuguesa ou Mocidade Portuguesa Feminina (MPF). Ambas foram extintas em 25 de Abril de 1974.
O emblema atribuído à Mocidade Portuguesa (MP) foi a Bandeira de Portugal introduzida no tempo de D. João I, personalidade que - junto com Nun'Álvares Pereira - era considerada mentora da organização. Este emblema era usado tanto sob a forma de insígnia como sob a própria forma de bandeira. O emblema da MPF pouco depois da sua criação, foi a versão do emblema da MP, mas em lisonja, o tradicional formato de escudo feminino na heráldica portuguesa.
A filiação na Mocidade foi obrigatória, para todos os jovens entre os sete e os 14 anos, até 1971, altura em que passou a ser opcional. Os membros agrupavam-se nos seguintes escalões obrigatórios: Lusitos (7 aos 10 anos) e Infantes (10 aos 14 anos). O escalão seguinte, o dos Vanguardistas (14 aos 17 anos) já só era obrigatório para aqueles frequentassem os liceus. Se prosseguissem os seus estudos, os filiados podiam manter-se na Mocidade até aos 26 anos, no escalão de Cadetes da MP ou das Lusas da MPF. Os Cadetes recebiam instrução militar e constituiam a Milícia da MP.
Tanto a MP como a MPF organizavam-se em divisões - correspondentes às areas das províncias ou dos distritos autónomos dos Açores e Madeira - que se subdividiam em alas. Dentro das alas e de cada escalão, existiam as seguintes formações: quinas (compostas por cinco elementos), castelos (compostos por cinco quinas), bandeiras (compostas por 12 castelos) e falanges (compostas por duas bandeiras). Dentro das bandeiras, os castelos agrupavam-se em grupos de quatro castelos. A chefia destas formações era exercida por graduados com os seguintes postos: chefe de quina, comandante de castelo, comandante de bandeira e comandante de falange.
Bandeiras
O emblema da Mocidade Portuguesa representava ele próprio uma bandeira. Constituía a quadratura das Armas de Portugal introduzidas pelo Rei D. João I, cuja descrição heráldica era de prata, cinco quinas (escudetes de azul com cinco besantes de prata) em cruz, as laterais apontadas ao centro, bordadura de vermelho semeada de castelos de ouro, com as quatro pontas aparentes de uma cruz flordelisada de verde (Cruz da Ordem de Avis). No emblema da Mocidade, os castelos da bordadura eram sempre 12. O emblema da Mocidade Portuguesa Feminina era constituído por estas mesmas armas, mas representadas numa lisonja.
Tendo origem numa bandeira, o emblema da MP também era usado como tal. Em primeiro lugar, era usado como bandeira de hastear, sendo arvorada, por exemplo, em instalações e acampamentos da Mocidade.
Bandeira da Mocidade Portuguesa |
Em segundo lugar, era usado como bandeira de desfile, existindo uma por cada formação do tipo bandeira. Na base da lança de cada bandeira de hastear, era atada uma gravata na qual era colocado o distintivo da ala a que pertencia a formação. As bandeiras de desfile eram franjadas de ouro, com as dimensões de cerca de 1,00 m x 1,00 m.
As bandeiras da MPF tinham o campo branco, carregado com o emblema da mesma, estando a lisonja firmada no campo da bandeira. As restantes características eram semelhantes às das bandeiras da MP.
Bandeira da Mocidade Portuguesa Feminina |
Os distintivos das alas - iguais aos usados nos uniformes dos filiados - consistiam num losango, cuja cor identificava a divisão e no qual colocado o número da ala em cor branca. As cores dos distintivos eram as seguintes:
Divisão | Cor central | Cor da bordadura |
Minho | Cinzento | - |
Trás-os-Montes e Alto Douro | Preto | - |
Douro Litoral | Vermelho | - |
Beira Alta | Azul escuro | - |
Beira Litoral | Verde claro | - |
Beira Baixa | Violeta | - |
Ribatejo | Azul claro | - |
Estremadura | Laranja | - |
Alto Alentejo | Castanho claro | - |
Baixo Alentejo | Amarelo | - |
Algarve | Branco | - |
Funchal | Verde claro | Amarelo |
Ponta Delgada | Azul claro | Amarelo |
Horta | Vermelho | Amarelo |
Angra do Heroísmo | Azul escuro | Amarelo |
Cabo Verde | Verde claro | Vermelho |
Guiné | Preto | Vermelho |
São Tomé e Príncipe | Castanho claro | Vermelho |
Angola | Amarelo | Vermelho |
Moçambique | Laranja | Vermelho |
Índia | Branco | Verde claro |
Macau | Amarelo | Verde claro |
Timor | Laranja | Verde claro |
Aparentemente, a determinada altura, as bandeiras deixaram de incluir tanto as franjas douradas como as gravatas com os distintivos das alas.
Guiões
Cada grupo de castelos da Mocidade Portuguesa e da Mocidade Portuguesa Feminina dispunha de um guião com cerca de 0,75 m x 0,75 m de dimensões. Cada guião tinha o campo azul, com quatro castelos de ouro. O guião era mantido permanentemente desfraldado por uma vareta horizontal presa à sua haste. Aparentemente, inicialmente os castelos apenas ocupavam o centro do campo, mais tarde alargando e ocupando a totalidade do mesmo. Os guiões eram franjados de ouro.
Guião de grupo de castelos da Mocidade |
Além dos guiões dos grupos de castelos, existiam também guiões para as escolas de graduados, estes em campo vermelho, com um único castelo de ouro, sob o qual era colocada a sigla e a designação da escola.
Galhardetes
Os galhardetes dos instrumentos musicais de sopro da Mocidade Portuguesa consistiam em bandeiras quadradas, com a descrição heráldica semelhante à da bandeira da organização, mas com a bordadura sem cargas. Os galhardetes eram franjados de ouro.
Referências
* Decreto-Lei n.º 26 611 de 19 de Maio de 1936
* Decreto-Lei n.º 28262 de 8 de Dezembro de 1937
JOSÉ J. X. SOBRAL